Andreas Kisser: dos primeiros aos últimos passos do Sepultura
- Gabriel Felipe
- 19 de jan.
- 3 min de leitura
Andreas Kisser, 56 anos, guitarrista e músico brasileiro, fala sobre o início e fim do Sepultura, entre outras perspectivas da sua longa trajetória

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o guitarrista Andreas Kisser reflete sobre a criação do Sepultura, em meados dos anos 80, e seu impacto cultural, no Brasil e no exterior, além de abordar temas mais profundos, como racismo, diversidade e inclusão no cenário do metal.
Logo de início, o músico fala sobre o fim do Sepultura, anunciado em dezembro de 2023. A turnê "Celebrating Life Through Death” traz à tona o que Kisser considera a melhor fase do grupo, celebrando os 40 anos de história, entre sucessos e adversidades.
“Acho que não tem um motivo só. Eu acho que tudo tem um fim, tudo tem ciclos. É um privilégio fazer essa decisão consciente, em paz com a gente mesmo. São 40 anos de histórias, no melhor momento da banda, com um disco forte como o Quadra (2020); sobrevivemos a uma pandemia... Não há nenhum fator externo, uma briga, ou algo que faça a banda acabar”, declarou o músico. Quadra é o décimo quinto álbum de estúdio do Sepultura, lançado em fevereiro de 2020 — no auge da pandemia do COVID-19.
O Encontro com os Irmãos Cavalera
Antes de ingressar no Sepultura e assumir o lugar definitivo do guitarrista Jairo Guedz, Andreas Kisser fez parte da banda Esfinge, oriunda de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O guitarrista afirmou que o encontro com os irmãos Max e Iggor Cavalera só foi possível graças à interação entre headbangers das regiões do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
O encontro ocorreu em São Paulo, quando Max e Iggor Cavalera, na época acompanhando a banda Mutilator, estavam na cidade para assistir a um show no icônico Shock Bar. Foi no ambiente underground paulista, que Andreas Kisser teve a oportunidade de conhecer os irmãos Cavalera e, eventualmente, receber o convite, no verão de janeiro de 87, que mudaria sua vida por completo.
Principais influências
Foi logo de cara a conexão de Andreas com os irmãos Cavalera, e isso se deve muito ao entrosamento e ao gosto musical dos rapazes. No mesmo verão de 1987— antes de oficialmente ingressar no Sepultura —, enquanto passava as férias em Belo Horizonte e acompanhava os ensaios da banda, era nítido que todos ali bebiam da mesma fonte e exalavam uma energia semelhante durante as composições e execuções do repertório. “A gente tinha influência de bandas como Slayer, Exodus, Hellhammer, Venom, Celtic Frost... as bandas mais punks da Finlândia, por exemplo Rattus, Terveet Kädet (...). Também os Sex Pistols, os Ramones”, relatou Andreas.
Inclusão no cenário do Heavy Metal e outras reflexões
Nas próprias palavras do guitarrista: o Heavy Metal é inclusivo. Para Andreas, o estilo é amplo e mundialmente difundido em diversas culturas, e não deve haver espaço para qualquer tipo de discriminação, seja por cor, raça, gênero ou sexualidade. Além disso, ele traz reflexões no campo político e social, alertando sobre o cuidado que a população deve ter para não replicar os mesmos erros do passado — em especial no que diz respeito à intolerância, ao preconceito e, principalmente, à política.
A turnê "Celebrating Life Through Death” tem shows agendados, por enquanto, até o período do segundo semestre de 2025, e há rumores de que se estenda até meados de 2026. Confira a agenda no site oficial da banda.
Veja a entrevista completa abaixo:
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